terça-feira, 20 de dezembro de 2011

FELIZ NATAL.


Eis que o Natal chegou outra vez. A grande roda do tempo, que todos os anos parte de um ponto estabelecido pelo homem, voltou e vai reiniciar-se. Na manjedoura simples um menino nasce e renasce a cada ciclo dos doze meses contados nos dedos, de janeiro a dezembro. 

É um simbolismo do qual depende a criatura. As datas são necessárias e o tempo que volta traz dias de aproximação. Gente que se cumprimenta nos encontros fortuitos, nos elevadores dos prédios e nos corredores da vida: “Feliz Natal!”.

Exprimem um desejo que emerge nos corações escolhidos, porque muitos são os chamados, mas poucos se habilitam a esse exercício, antes de tudo humano, da convivência. Ou muitos não podem e não têm como participar da grande noite das festas. Estão excluídos dos convívios, marginais da harmoniosa coexistência.

Em casa já está pronta a sala de jantar. É sempre em torno de uma mesa que as festividades acontecem, repetindo o Cristo, que tantas vezes ceou com os seus apóstolos. Os cálices de vinho chegados da Espanha foram expostos e o negro das taças parece contrastar com o branco do móvel ou com o vermelho da toalha.

Um vermelho estampado com motivos natalinos mesmo, com sinos dourados e com folhas verdes unidas por fitas encarnadas. Um bacalhau e um peru hão de fazer as vezes na refeição da meia-noite, sem falar no presunto ibérico, que veio das distâncias agora gélidas da antiga Castela ou nos acepipes doces com a mesma origem. 

Antecipando o Natal, um coral infantil cantou em frente ao prédio, numa pequena pracinha, um refúgio como se diz, entoando cantatas próprias para os dias. E a sintonia fina da emissora de rádio faz um teste para um instante diferente de todos os outros.
                                                                                                   
Nos quartos as colchas novas, com alegres motivos, representam o júbilo da família com a chegada das duas filhas que moram distantes. Está reunida, outra vez, a constelação parental e a satisfação preenche os claros d’alma.

É o prazer de encontros e de reencontros que durante os dias comuns não se materializam. O corre-corre de um cotidiano buliçoso impede isso, o ver e o rever das filhas. Momento, todavia, que não acontecerá em inúmeros lares do Brasil.

Há quem nunca tenha podido se servir de um peru, como aquela senhora muito jovem, de 19 anos, moradora de um barraco sob o viaduto da Av Contorno. Mulher de marido desempregado, sem eira nem beira. A sua carta pendia na agência dos Correios do bairro, rogando ao Papai Noel que lhe contemplasse com um exemplar da ave natalina e mais, uma roupa que cobrisse o seu filho.

Queixava-se da fome de todos os dias e dizia que se aproximava um tempo diferente, o do nascimento do Deus-Menino, razão suficiente para não deixar de se alimentar como desejava. Teve a sua carta atendida, como sucedeu com outras, inclusive com aquela em que para 8 crianças de casa pedia-se uma bicicleta e um panetone. A questão só foi resolvida em parte e numa parte muito pequena de um todo de sofrimento e de privação.

Deus permita que as crianças de hoje possam crescer em paz, possam desfrutar de um futuro mais ameno e menos violento, preenchido com o básico das exigências humanas. A educação que enobrece, a saúde que dá a higidez do corpo e a serenidade da alma, a segurança que permite o ir e vir e a moradia, de cujo conforto – mínimo que seja – possa resultar a construção da cidadania salutar e do convívio pacato.
Feliz Natal - 2011 


terça-feira, 13 de dezembro de 2011

DITADURA DE AFRODITE.


Vamos lá galera! Pulando! Um, dois, três, quatro… Quero ver todo mundo com um físico escultural! 

O obeso tem que emagrecer, o magro tem que engordar e os outros têm que manter a forma. Seguindo em frente, devotos de Afrodite! Um, dois, três… feio aqui não tem vez!

Não desistam do corpo ideal! Ideal para quem? Para que? Para a mídia? Para o sexo oposto? Não interessa…

Vamos fazer dieta! Vamos nos unir aos famintos do sertão. Vamos entrar na luta contra a balança!

Que aula boa minha gente! Estão desanimados?! Não tomaram café hoje?
Respeitando os horários, equilibrando as proteínas e vomitando os carboidratos. Nada de se exercitar moderadamente! Quero ver todo mundo saudável produzindo para o sistema…

Quando chegar na balada, todo mundo vai estar lindo e maravilhoso!
Se a beleza não é eterna, pouco importa! O que importa é aproveitar o momento, o futuro a Deus pertence…
Suplementando o corpo, atrofiando a mente. Corpo são, mente doente. Mente doente, corpo em vão…


sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

QUERO VOLTAR A CONFIAR...

Fui criado com princípios morais comuns. Quando eu era pequeno, mães, pais, professores, avós, tios, vizinhos eram autoridades dignas de respeito e consideração. Quanto mais próximos ou mais velhos, mais afeto.

Inimaginável responder de forma mal educada aos mais velhos, professores ou autoridades...sem tomar um tapão pela cara.

Confiávamos nos adultos porque todos eram pais, mães ou familiares das crianças da nossa rua, do bairro, ou da cidade...

Tínhamos medo apenas do escuro, dos sapos e dos filmes de terror...

Hoje me deu uma tristeza infinita por tudo aquilo que perdemos. Por tudo o que meus netos um dia enfrentarão. Pelo medo no olhar das crianças, dos jovens, dos velhos e dos adultos.

Direitos humanos para criminosos, deveres ilimitados para cidadãos honestos.

Não levar vantagem em tudo significa ser idiota. Pagar dívidas em dia é ser tonto... Anistia para corruptos e sonegadores...

O que aconteceu conosco?

Professores maltratados nas salas de aula, comerciantes ameaçados por traficantes, grades em nossas janelas e portas.

Que valores são esses?

Celulares nas mochilas de crianças.

A imbecilidade vale mais que um diploma.

Quando foi que tudo desapareceu ou se tornou ridículo?

Quero arrancar as grades da minha janela para poder tocar as flores!

Quero me assentar na varanda e dormir com a porta aberta nas noites de verão!

Quero a honestidade como motivo de orgulho.

Quero a retidão de caráter, a cara limpa e o olhar olho-no-olho.

Quero a vergonha na cara e a solidariedade.

Quero a esperança, a alegria, a confiança!

Abaixo o "ter", viva o "ser".

Quero ter de volta o meu mundo simples e comum.

Onde existam amor, solidariedade e fraternidade como bases.

Vamos voltar a ser "gente".

A indignação diante da falta de ética, de moral, de respeito...

Construir um mundo melhor, mais justo, mais humano, onde as pessoas respeitem as pessoas...

Utopia? Quem sabe?... Precisamos tentar...

Nossos filhos merecem e nossos netos certamente nos agradecerão!


quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

EM 2.012...


Mude tudo sempre.
Mude a cor do seu cabelo. Mude o corte, também.
Mude o lugar dos móveis da casa. Mude de casa também.
Mude o trajeto que você faz para ir ao colégio. O do trabalho também.
Mude o sabor do sanduíche predileto. E do sorvete também.
Coma menos carne e mais manga.
Menos refrigerante e mais água mineral.
Com gás.
Mude o estilo da roupa. Use mais branco. E mais vermelho também.
Mude.
Mude sempre.
Mude seus sentimentos em relação aos amigos. E aos inimigos também.
Mude seus cuidados com a pessoa amada. E por quem lhe ama também.
Mude sua generosidade pelos que pedem. E mais tolerância com quem se doa a você.
Mude sua visão do trabalho e com quem você reparte 1/3 de toda a sua vida.
Mude sua visão da morte, da eternidade e do medo de morrer.
Não culpe nunca ninguém pelo que lhe acontece. Nem Deus, nem o diabo nem a sorte.
Mude sua visão da responsabilidade. Você é o único responsável.
Cuide mais dos amigos, do seu pai e da sua mãe também.
Tenha um cachorro ou um gato. Com o nome bem pequeno.
Jogue fora o guarda-chuva. E a ansiedade também.
Às vezes fique só. Gente, o tempo todo, cansa.
E principalmente
Mude os cuidados com o seu corpo.
Ele é o seu primeiro e único verdadeiro patrimônio.
Sem ele você não muda. Nada.
É no corpo onde habitam todos os verdadeiros desafios.
Ele é todo o seu território no qual são feitas as mudanças.
Então dê uma chance verdadeira a ele.
Mude-o todos os dias
Respire mais, flexibilize-o mais, torça-o, distenda-o e finalmente relaxe-o.
Depois medite.
E tudo mudará para sempre.