domingo, 9 de outubro de 2011

INSÔNIA.


Insônia. 

Se ao menos se chamasse Sônia e me fizesse esquecer, tranqüilo eu poderia adormecer. 

Diferente disso carrega a negação do “In”, o introspectivo que recusa a calar-se, o intelecto que não cessa em martelar, a intransigência daquilo que está dentro de mim e não consegue sair. 

Se não houvesse incongruência entre os pólos positivos e negativos de tal apegada palavra, que no menor cogitar de sua lembrança, mostra-se altiva e brilhante dentro da escuridão já almejada. Quem me dera fosse somente Sônia, belíssima num sorriso constrangedor, fogosa na atitude, que restaurasse o encanto de que o simples brilhar no escuro fosse algo magnífico, esplendoroso e prazeroso. 

De que a luz emergida da obscuridade penetrasse nesse laço sem interesse, preenchendo um gesto repugnante e grotesco de salientes curvas risonhas, fazendo perder-se em espirais nebulosos, límpido de interesse, capacitado de capricho, lubrificado por impulsos, tentado ao acaso. 

Um desejo transparente. A transparência da libido jamais possível conviver dentro de Sônia. De Sônia, nada mais tenho do que somente um desejo, uma imagem que não me larga nas noites mal dormidas. Abraço a Insônia, na esperança de livrar-la desta indolência.

Pois, desde que me foi diagnosticado um pequeno tumor na válvula do pulmão direito, há um mês atrás, a dor e a insônia são minhas companheiras noturnas.

Se ao menos eu pudesse arrancá-lo com as minhas próprias mãos, a minha vingança seria maligna e perfeita. A Lei do Talião. Mas não.

Hoje estou indo a Salvador iniciar o tratamento de Quimioterapia. O meu Oncologista me assegurou que tal tratamento seria rápido, feito de 3 em 3 semanas e logo em seguida de 3 em 3 meses, visto que o tal visitante era pequeno e estava no começo da sua vida. 

Sei que vou ficar careca. Mas tudo vai dar certo. Já deu. O meu Deus é quem está na frente. Aos meus amados leitores, amigos e visitantes, entrem na torcida. E até depois de amanhã.

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