terça-feira, 8 de novembro de 2011

VOCÊ JÁ OLHOU O CÉU HOJE ?


Certa vez, folheando uma revista, dei com uma fotografia que era quase um quadro abstrato, em vários tons de vermelho e laranja, mostrando uma superfície esponjosa como carne humana, brilhante de líquido ou gordura. 

Pensei que fosse mais uma série de fotos de fetos no útero da mãe, que a imprensa publica de vez em quando, e baixei os olhos para a legenda. Veio a surpresa.

 A foto era de uma imagem captada pelo telescópio Hubble e mostrava o momento do choque entre duas galáxias em Antennae, nos confins do Universo, com a explicação de que é nesse tipo de explosão que nascem as estrelas. O choque produz a explosão de colorido sangrento.

 Há portanto, uma tinta de sangue no nascimento tanto de humanos quanto de estrelas. Os pesquisadores acham que há forte probabilidade de a vida no planeta Terra ter sido semeada por cometas, que jogaram aqui suas moléculas como se fossem mudas de plantas. 

Nesse caso, dizia o artigo, o homem teria sido formado por um pó de estrelas.

Ora direis, pó de estrelas. 

Há sempre alguma poesia envolvida quando observamos o céu.
 É ele, o céu, que nos dá a dimensão real do que somos, essas formiguinhas, esse quase nada.

Pena que, nas grandes cidades, o céu e suas estrelas estejam sempre tão escondidos por fumaça e luzes. Se não fosse assim, talvez nós, humanos, fôssemos mais humildes e menos arrogantes. 

Conheço pessoas que passam anos, talvez uma vida inteira, sem ter a oportunidade de poder observar um céu estrelado.
Eu, felizmente, freqüentei sítios e fazendas na infância, o que me deu uma chance de, inúmeras vezes, olhar para cima e ver um céu de verdade.

 Mas a última vez que isso aconteceu foi há poucos anos, quando houve um apagão. Catu inteira ficou às escuras. 

Saímos todos às portas usando os celulares como lanternas e, desembocamos na rua. Então olhamos para cima. Foi um choque, um deslumbramento. Era um céu de planetário. 

Milhões de corpos celestes cintilando, pequenos, grandes, estáticos, inquietos, preenchendo aquele infinito de um azul profundo, quase negro. Ficamos todos calados, olhando para cima de boca aberta, esmagados por tanta beleza, tocados pela poesia magnífica do Universo.

 Ora, direis, ouvir e ver estrelas...


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