Outro dia cortei o dedo fazendo a ponta de um lápis com o estilete. Fui fazer um curativo e só encontrei Merthiolate. Apesar dele ter sido o grande vilão da minha infância, tive que encarar.
Com muito cuidado, coloquei um pouquinho na ferida e, para minha surpresa, não ardeu nada. Coloquei mais, e nada de arder. Achei que o Merthiolate estava vencido ou que eu estava colocando no local errado, mas não era o caso.
Lembro claramente que, na minha infância, eu adorava o “vermelhinho” (o Mercúrio) porque ardia muito pouco, mas meus pais sempre queiram colocar o “branquinho” (o Merthiolate) que ardia muito muito. O argumento era “Se tá ardendo, é porque está curando”. E isso fazia muito sentido: eu imaginava o ardor como sendo o massacre aos micróbios. E minha mãe ficava soprando, o que era essencial para a destruição total dos inimigos.
Mas o fato é que o Merthiolate não arde mais. Provavelmente, os marketeiros fizeram uma pesquisa e constataram que as pessoas preferem um remédio sem ardor. Mas, no fundo no fundo, a gente confia mais naquele que arde.
Imagina se a água oxigenada parar de borbulhar? Eu vou ter que parar de fazer ponta de lápis com o estilete.
Nenhum comentário:
Postar um comentário