domingo, 5 de junho de 2011

A PORTA

Manhã de domingo. Dia ensolarado, os pássaros cantam e você acorda cedo depois de uma noite relaxante. Seu corpo está fantástico! Você não se sente cansado – muito pelo contrário, está disposto a aproveitar cada segundo deste belo dia. Você retira o lençol que cobria seu corpo e fica olhando o nada.

Então você levanta. Ao levantar, a confirmação de que será um dia maravilhoso. Aquela encarada no espelho, “meu cabelo está ótimo!”. Sem olheiras, você sente que dormiu o suficiente para relaxar completamente. Você procura seus chinelos, que estão exatamente onde você costuma os deixar. Então você caminha até a porta, entreaberta.
Ao passar, você esbarra o dedinho do pé na quina da porta.

Se conseguissemos colocar a dor num universo paralelo, não existiria nada pior do que a sensação de impotência sentida durante os poucos segundos agonizantes que seguem o impacto. Você simplesmente não pode fazer nada contra sua própria estupidez, a não ser tentar arremessar sua cabeça contra a parede de concreto mais próxima, em ode à sua imensa burrice.

E qual a primeira coisa que a gente faz quando isso acontece? CHUTA E XINGA A PORTA, como se a droga da porta fosse culpada de ESTAR ALI PARADA naquele exato momento. Seria mais do que justo ela poder se defender, sabe?
- BEM FEITO, SEU OTÁRIO. PORQUE NÃO OLHA POR ONDE ANDA?

Descrever a dor é quase impossível, a não ser que você consiga imaginar agulhas embebecidas em ácido sulfúrico sendo enfiados por debaixo de suas unhas, enquanto pregos enferrujados em brasa são inseridos lentamente em seus olhos.
 
Certa vez eu topei tão violentamente com a porta do quarto que meu dedo ficou completamente deformado. Fora a cratera formada pela agressão (um corte imenso que não sangrou e cicatrizou de forma estranha), meu pé ficou dormente pelo resto do dia. Quem nunca deu uma topada dessa, que atire a primeira pedra…

Cérebros positrônicos? Inteligência sobre humana? Imortalidade? Que nada. Nossa evolução será mais eficiente que isso.
Seremos uma raça sem dedinho.

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