sexta-feira, 4 de março de 2011

A N J O

Quando menina, ganhou de sua mãe um par de asas feitas de penas de gaivota, e as usava nas procissões do colégio em que estudava. E tanto se parecia um anjo que, passado o mês de maio, deixava-se ficar de asas às costas, o comportamento exemplar.

Quis um dia, quando faltou às aulas por preguiça, arrancar as asas que a incomodavam e, pesadas, atrapalhavam todas as brincadeiras.

Mas a cola que sua mãe usara era tão forte e se tornara tão firme com o passar do tempo, que não teve outra alternativa, senão se acostumar a elas.

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