Desde menina brincava de cabra-cega. Ria, feliz, de venda nos olhos, presa em seus sonhos, sem saber os enganos que cometia.
Misturava objetos às pessoas, subia e descia degraus inexistentes, ficava a poucos centímetros de inúmeros perigos e quantas vezes atribuiu correntes livres de vento, à tênue aragem do ventilador.
Arranjou um dia um amigo novo e tentou lhe ensinar seu jogo preferido. O amigo, fingindo brincar, manteve os olhos bem abertos, e, resolvendo ajudá-la, arrancou-lhe brutalmente a venda dos seus olhos, ferindo-a com seu gesto inesperado...
Chorando de dor, mas enxergando pela primeira vez, arrebentou a fechadura da porta e se afastou correndo para nunca mais voltar.
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