sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

MINHA PRIMEIRA MOTOCICLETA

          Diferente da maioria das pessoas de minha época, meu primeiro carro não foi um fusca. Nada contra o besourinho, tive muitos e muitos fusquinhas no decorrer dos anos. Mas, por uma questão de oportunidade comecei com uma moto TURUNA da Honda

           Para um jovem de 20 anos de idade, ter uma moto era equivalente a hoje ter um Honda Civic. Tudo muito maravilhoso, se eu tivesse usufruído do bem.

           Foi assim:

           Em 1983 comecei no meu primeiro emprego "de verdade". No Banco Real, carteira assinada, bom salário, lugar cobiçado numa época em que ser bancário era sinônimo de status profissional.

           Uns três meses depois, um colega do trabalho, bem mais velho ( e muito mais sabido que eu), anunciou que estava vendendo uma moto, "uma TURUNA, prata,  ano 1979, modelo 1980, lataria 100%, motor jóia-jóia, caixa de marcha OK, toda documentada perante o Detran, um pneu novo e um meia-vida, moto de mulher". Pirei o cabeção. Eu tinha que comprar aquela moto.

           Não lembro mais o preço dela, nem adiantaria eu falar aqui porque era outra moeda vigente no Brasil. Só sei que catei o dinheiro que tinha e o que não tinha, meu e da família; e ainda fiz um empréstimo na caixa de assistência pecuniária do banco, pra pagar em muitos meses descontando no meu salário.

           Comprei a moto! Que felicidade! Que felicidade!

           Detalhe: eu ainda não sabia pilotar... o vendedor, mui amigo, foi me levar em casa na minha moto nova!

           Passei a noite admirando a minha moto, dormi ao  lado dela,  curtindo minha grande conquista...

           Ao amanhecer, um problema: bateria descarregada, nem sinal na ignição... eu começava a ver o lado negro de ter adquirido uma moto usada sem o menor conhecimento de causa e sem pedir ajuda aos universitários.

           Esse foi apenas o primeiro de uma série de dissabores.

           A única vez que a moto saiu da "garagem", pelas mãos de um amigo que sabia pilotar, foi para ir a uma oficina fazer o que eu deveria ter feito antes de comprá-la. Avaliar os problemas. Muitos. Inúmeros. Tantos, que eu não me animei a consertar. A moto voltou para casa do mesmo jeito que foi. Empurrada pra pegar no tranco, sem freio, carburador falhando, marchas pulando, escapamento dando tiros... Uma bateria de escola de samba ambulante...

           Desanimado, endividado, aporrinhado, coloquei anúncio nos classificados. Preço bem abaixo do que eu havia comprado.

           Vendi a moto no primeiro dia de anúncio. Um domingo. Eu morava na Estrada das Barreiras, no Cabula em Salvador. À tardinha, um cidadão voltando do trabalho, acho que meio embriagado, viu a moto, pechinchou mais ainda o preço e levou-a na hora. Que felicidade! Que felicidade!

           Poucos dias depois, recebí no meu trabalho a visita do feliz comprador da moto. Irado. Bufando pelas ventas porque a  moto tinha "batido" motor. Exigiu que eu aceitasse ela de volta ou devolvesse metade do dinheiro que ele havia me dado. A terceira opção era entrar na porrada.

           Devolvi metade do dinheiro!

Nenhum comentário:

Postar um comentário