Uso só palavras para compor os meus silêncios. Não gosto das palavras manjadas. Dou mais respeito às que vivem de barriga no chão, tipo água, pedra e sapo. Entendo bem o sotaque das águas. Dou mais respeito às coisas desimportantes e aos seres desimportantes.
Prezo os insetos mais que os aviões. Prezo a velocidade das tartarugas mais do que a dos mísseis. Tenho em mim esse atraso de nascença. Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos. E tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo. Sou um apanhador de desperdícios: amo os restos como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato de canto, porque eu não sou da informática, eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor os meus silêncios.
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