quinta-feira, 4 de agosto de 2011

ESTREANTE


Fui morar numa casa na Rua Resgate, bairro do Cabula em salvador. A vizinha era viúva e buliçosa. E tinha uma filha Indiana que me dava bola. Me abatia. Ela deixava a porta do banheiro meio aberta. E isso me abatia.

Eu teria 15 anos e ela 25. Ela me ensinava: Precisa não afobar. Precisa ser bem animal. Como um cavalo. Nobremente. Usar o desorgulho dos animais. Morder, lamber, cheirar, fugir, voltar, arrodear, lamber, beijar, cheirar, fugir, voltar. Até...

Nobremente. Como os animais. Isso eu aprendi com a minha namorada Indiana. Ela me ensinava com cremes e ungüentos. Passava creme, passava ungüento, passava creme, passava ungüento.

Dizia que era um ato religioso foder. E era preciso adornar os desejos com creme. E passava creme e passava ungüento. Só depois que adornava bem, ela queria.

Pregava que fazer amor é uma eucaristia. Que era uma comunhão. E a gente comungava o Pão dos Anjos.

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