Acordou e não falou com ninguém. Tomou o café e logo saiu. Adormeceu na estação e perdeu o trem. Não foi trabalhar hoje. Resolveu viver. Desligou o celular para não ser encontrado.
Era um dia qualquer, uma quarta-feira quente qualquer de um verão igual a tantos outros que já passara.
Era um dia qualquer, uma quarta-feira quente qualquer de um verão igual a tantos outros que já passara.
Um dia pareceu ser muito tempo. Faltar ao serviço foi uma decisão que seu próprio corpo tomara sozinho sem consultar o cérebro. Barba feita cabelos penteados e lambuzados de gel, sapatos engraxados, relógio de um metal reluzente, calça e camisa sociais. Esta é a aparência de um típico funcionário público de 2ª à 6ª das 9 às 5h.
Para que serve o uniforme quando não se está no serviço? Qual a razão de se manter um padrão com o qual se está acostumado, quando os elementos do esquema da rotina são interrompidos?
Despenteou o cabelo para desfazer a solidez causada pelo gel, guardou o relógio no bolso para não sentir o peso no pulso esquerdo, desabotoou a parte da camisa que lhe prendia o pescoço, abaixou-se e afrouxou um pouco mais o cadarço dos sapatos.
Voltaria para casa se não houvesse pensado que ligariam do serviço perguntando o motivo de sua ausência. Mandou o chefe à merda e começou a avaliar as conseqüências que um dia de liberdade poderia acarretar, mas foi distraído pelo alto-falante da estação que anunciou a chegada de um trem para o destino oposto ao do trabalho. Esperou a chegada do trem e embarcou.
Em busca da sua liberdade.
Em busca da sua liberdade.
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