A idéia lhe veio ao observar a quantidade enorme de gente dormindo na rua no centro da cidade. Existe aí uma demanda potencial, pensou. E como estava, ele próprio desempregado, resolveu arriscar a sorte em um novo negócio: o aluguel de caixas de papelão.
O que não seria nada difícil. Caixas poderiam ser obtidas em lojas, supermercados e fábricas. E os sem-teto aceitariam com entusiasmo a possibilidade de dormirem menos expostos aos elementos – e aos olhares alheios.
O negócio deu certo, e ele foi sofisticando a oferta. Dispunha de caixas em vários tamanhos, algumas acolchoadas, outras pintadas em cores alegres, várias com rádio, outras com TV. Os preços subiam progressivamente, de acordo com a dimensão da caixa e o conforto desta.
Desnecessário dizer que, durante esse tempo, morava numa caixa, ele também – inclusive para melhor fiscalizar a clientela. E fiscalizar é uma coisa que ele sabia fazer. Era um cobrador implacável e não hesitava em ameaçar os devedores relapsos. Se não pagassem, botaria fogo nas caixas. Eram dele, poderia queimá-las se e quando quisesse. Se houvesse alguém dentro, azar.
Ganhou muito dinheiro, encontrou uma linda mulher que aceitou viver com ele. Não numa caixa, naturalmente. Ela queria uma casa. Uma casa muito grande e muito bonita.
E uma casa ele fez. Uma casa muito grande e muito bonita, num bairro elegante. É uma casa que chama a atenção de todos, não só pelo design arrojado, como também por uma pequena peculiaridade: é feita de papelão. Papelão especial, muito espesso e impermeável, mas papelão.
Nessa caixa de papelão ele vive feliz com a mulher. Só uma coisa o preocupa. Tem medo de que algum invejoso bote fogo na casa. O papelão é um grande material, mas, infelizmente, não resiste ao fogo.
Afinal, nada é perfeito...
O que não seria nada difícil. Caixas poderiam ser obtidas em lojas, supermercados e fábricas. E os sem-teto aceitariam com entusiasmo a possibilidade de dormirem menos expostos aos elementos – e aos olhares alheios.
O negócio deu certo, e ele foi sofisticando a oferta. Dispunha de caixas em vários tamanhos, algumas acolchoadas, outras pintadas em cores alegres, várias com rádio, outras com TV. Os preços subiam progressivamente, de acordo com a dimensão da caixa e o conforto desta.
Desnecessário dizer que, durante esse tempo, morava numa caixa, ele também – inclusive para melhor fiscalizar a clientela. E fiscalizar é uma coisa que ele sabia fazer. Era um cobrador implacável e não hesitava em ameaçar os devedores relapsos. Se não pagassem, botaria fogo nas caixas. Eram dele, poderia queimá-las se e quando quisesse. Se houvesse alguém dentro, azar.
Ganhou muito dinheiro, encontrou uma linda mulher que aceitou viver com ele. Não numa caixa, naturalmente. Ela queria uma casa. Uma casa muito grande e muito bonita.
E uma casa ele fez. Uma casa muito grande e muito bonita, num bairro elegante. É uma casa que chama a atenção de todos, não só pelo design arrojado, como também por uma pequena peculiaridade: é feita de papelão. Papelão especial, muito espesso e impermeável, mas papelão.
Nessa caixa de papelão ele vive feliz com a mulher. Só uma coisa o preocupa. Tem medo de que algum invejoso bote fogo na casa. O papelão é um grande material, mas, infelizmente, não resiste ao fogo.
Afinal, nada é perfeito...
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