quarta-feira, 13 de julho de 2011

CATUÍ - A cidade dos macacos.

A primeira reação à invasão dos macacos foi de surpresa. Macacos eram comuns na região, mas jamais chegavam à cidade, o que dava a idéia da fome que passavam. Quando os bichos começaram a roubar alimento das quitandas e até das cozinhas das casas, a indignação se generalizou: não temos comida nem para nós, quanto mais para repartir com esses bichos – era o argumento mais comum.

 

A fúria contra os recém chegados foi crescendo. Rapidamente surgiram milícias armadas, formadas com o único propósito de liquidá-los. Cogitaram até mesmo chamar o BOPE [Paraguassú].

 

Com o que a "ilustre" prefeita não concordava. Mulher de visão. Achava que o limão poderia ser transformado em limonada. A idéia dela era incorporar os macacos ao cotidiano da cidade. Não em um zoológico, como poderia pensar alguém mais desavisado. Não. Seu plano era mais diabólico. Afinal de contas, macaco é mais importante do que funcionário público.

 

Seu plano era treinar os macacos mais fortes para realizar pequenas tarefas, tais como juntar o lixo das ruas e varrer as calçadas. Os mais “espertos” seriam aproveitados para serem seus assessores diretos e compor o time do 1° escalão do governo. Os mais atrevidos, seriam convocados para exercerem funções administrativas e de direção nas devidas secretarias do município. Os mais inteligentes, seriam recrutados para serem professores, enfermeiros e assim por diante. Pretendia inclusive providenciar um uniforme padronizado para a bicharada, digo, funcionalismo.

 

Esta iniciativa teria um benefício adicional. Transformaria a cidade numa atração turística nacional e internacional, em outras palavras, num gigantesco circo a céu aberto.

 

Muita gente viria de longe para ver a “inteligente” prefeita e sua original experiência. Finalmente, argumentava, a medida envolvia compensação devida por uma injustiça milenar, afinal de contas, segundo Darwin, os macacos são nossos parentes mais próximos e está na hora de tratá-los com a consideração que eles merecem.

 

Os vereadores acharam o plano mirabolante e fantástico, capaz de conciliar todos os interesses.

 

Mas a população pensava diferente. Afinal, a cidade tinha uma alta taxa de desemprego e os macacos acabariam fazendo concorrência desleal com os cidadãos. Manifestações foram organizadas e fizeram um grande comício em frente à Prefeitura.

 

“Ou a cidade é dos macacos ou é nossa”, disse um cidadão mais exaltado. A prefeita tem que escolher.

 

E a prefeita escolheu. 

 

Optou por implantar a idéia, apesar dos protestos generalizados. Afinal de contas, macaco não vota, mas por outro lado, sobraria todo o dinheiro que seria pago ao funcionalismo.

 

E isso era um forte argumento, afinal, o dinheiro é a alma do negócio.

 

Ora bolas.

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