Tentei montar com aquele meu amigo que tem o olhar frio e descomparado, uma Oficina de Desregular a Natureza, mas faltou dinheiro na hora para a gente alugar um espaço. Ele propôs que montássemos por primeiro a Oficina em alguma gruta.
Por toda parte existia gruta, ele disse, quando nada, uma caverna. E por de logo achamos uma na beira da estrada. Até foi sorte nossa, pois que debaixo da gruta passava um rio, o que de melhor havia para uma Oficina de Desregular a Natureza.
De imediato, fizemos o nosso primeiro trabalho. Era o Besouro de olhar ajoelhado. Botaríamos esse Besouro no canto mais nobre da gruta, se essa gruta tivesse um canto mais nobre.
Logo apareceu um Lírio pensativo de sol. Em seguida, o mesmo Lírio pensativo de chão. Pensamos que sendo o Lírio um bem da natureza prezado por Cristo, resolvemos dar o nome ao trabalho de Lírio Pensativo de Deus.
Ficou sendo. Logo fizemos a Borboleta beata. E depois fizemos Uma idéia de roupa rasgada de bunda. E a Fivela de prender silêncios.
Depois elaboramos a Canção para a lata defunta. E ainda a seguir, o Parafuso de veludo, o Prego que farfalha e o Alicate cremoso.
Por último aproveitamos para imitar Picasso com A moça com o olho no centro da testa.
Picasso desregulava a natureza, por isso tentamos imitá-lo. Modéstia a parte.
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