sexta-feira, 15 de abril de 2011

Ado, ado, ado. Cada um no seu quadrado.

Uma amiga me mandou um e-mail super simpático pra dizer que sempre lê o meu blog e que se diverte muito. Aproveitou também pra me dar um puxãozinho de orelhas de leve: afinal, o que eu tenho contra o funk, o futebol e programas como o Big Brother?
Ôpa, acho que as estações se misturaram por aqui. 

Pra mim, não gostar e ser contra são duas coisas bastante diferentes. Eu sou contra a proliferação de armas nucleares, por exemplo. E também sou contra o cerceamento à liberdade do cidadão e contra a utilização do trabalho escravo. Coisas assim.
Não gosto de funk, nem de futebol, nem de Big Brother, é verdade. Também não gosto de charutos, música eletrônica, beisebol e pessoas que iniciam uma argumentação com ‘porque veja bem’. Mas isso não quer dizer que eu tenho alguma coisa contra elas, né? Gosto é isso mesmo, uma simples questão de preferência. 

Tem gente que me acha doido porque eu assisto a Fórmula 1; qual é a graça em ficar vendo um bando de marmanjos rodando de carro por quase duas horas, naquela mesmice toda? Pois é, e eu gosto. Tem gente que jamais compraria ingresso pra ópera; eu aprendi a gostar. Tem gente que torce o nariz pra sushi; eu não gosto de dobradinha. Muita gente me diz que não vê nada de interessante no Blog; já eu me divirto prá caramba.

Eu poderia continuar essa lista por horas e provavelmente a gente não chegaria a lugar algum. Mas aí vem um detalhezinho de nada, uma coisinha à toa, mas que pra mim faz toda a diferença. Eu não imponho meu gosto a ninguém. Não escuto música no último volume, obrigando meus vizinhos a ouvirem também. Então o sujeito que pára na porta da minha casa à meia-noite com o funkão na maior altura, me forçando a compartilhar de seu gosto musical ridículo, me irrita profundamente. Não saio buzinando durante horas quando a seleção brasileira de vôlei ganha a Liga Mundial. Então não acho que eu tenha que ser acordada no meio da noite por um torcedor sem-noção buzinando vuvuzela insistentemente, achando que tem que contar pra todo mundo como ele está feliz porque seu time venceu por 1 a 0. Não interrompo nenhuma novela das oito pra passar vinte minutinhos de alguma coisa que me interessa, mas não interessa a outros. Então não quero que o programa que estou vendo na tevê (nas raras vezes em que ela está ligada) seja interrompido no meio de uma frase, pra apresentar 15 minutos de Big Brother ao vivo, geralmente alguém lavando panelas ou sentado na rede olhando pro infinito.

É essa invasão de espaço que me chateia. O jogo de futebol fica lá na Fonte Nova, ele não tem que se derramar pelas ruas e avenidas da cidade depois do apito final. Eu não quero ter que dirigir minha moto preocupado com o torcedor idiota que vem a mil por hora e passa a um beiço de pulga do meu retrovisor e pode até me envolver num acidente. Que o funk fique lá no baile funk, onde todo mundo pode se divertir e dançar o Créu na velocidade 5. Ou que seja tocado num volume que você possa ouvir e curtir adoidado, mas por favor não me obrigue a ouvir também. Big Brother é um besteirol sem conteúdo, e eu assisto a uma pancada de programas idiotas sem o menor problema. Mas mantenha o horário estabelecido, assim eu não preciso sintonizar o mesmo canal; só não quero que a fala do mocinho no filme que estou assistindo seja cortada no meio pra que eu aprecie 15 minutos de baixaria e fuleragem em horário nobre. 

Só de cada um ficar no seu quadrado, olha, eu já fico muito feliz.

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