Hoje eu sonhei que no campo, todos tinham seu pedaço de terra, onde plantavam laranjas e alfaces e voavam os bem-te-vis entre as vacas leiteiras. Sonhei com uma cidade onde os fogões tinham panelas cheias, salas atapetadas por retalhos costurados e a foto colorida do casal exposta em moldura oval sobre o sofá.
Hoje eu sonhei que as igrejas deixariam de ser um comércio rentável e abriam suas portas ao silêncio do coração, que a Bíblia seria repartida como o pão diário. A fé de mãos dadas com a justiça.
Sonhei com casais ociosos na arte de amar, o lar exalando perfume de flores, os filhos contemplando o rosto apaixonado dos pais, a família tão entretida no diálogo, que nem se davam conta de que a TV era um aparelho mudo e cego jogado num canto da sala.
Sonhei que os jovens tinham o coração cheio de ideais e não recorriam à química das drogas, não temiam o futuro e nem se expressavam em dialetos ininteligíveis.
Que a cada um seria assegurado o direito ao emprego, a honra do salário digno, as condições humanas do trabalho, as potencialidades da profissão e a alegria da vocação.
Sonhei um ano sem políticos mentirosos, ladrões e safados, autoridades arrogantes, funcionários corruptos e bajuladores de toda espécie. Que a política seria a multiplicação dos pães sem milagres, dever de uns e direito de todos.
Sonhei com livros sendo saboreados como pipoca, o corpo menos entupido de gorduras, a mente livre do estresse, o espírito matriculado num corpo de baile, ao som dos mistérios mais profundos.
Sonhei que o governo admitia seus erros e colocaria o país nos eixos, livraria a população do pesado tributo da degradação social e tomaria no colo milhões de crianças precocemente condenadas ao trabalho forçado, sem outra fantasia além do medo da morte.
É...
QUE BOM SE HOJE NÃO FOSSE 1° DE ABRIL...
Nenhum comentário:
Postar um comentário