terça-feira, 12 de abril de 2011

TEORIA DA PERVESIDADE DOS OBJETOS

Praticamente todos os objetos que existem no mundo conhecido e desconhecido podem ser enquadrados em uma das três categorias que compõem a Teoria da Perversidade dos Objetos Inanimados.

A primeira categoria, das sombrinhas, canetas esferográficas, a borracha que estava em cima da mesa agora mesmo, o outro pé da meia: esses são alguns dos legítimos representantes da categoria Objetos Que Simplesmente Desaparecem. Eu incluiria ainda o celular, a chave do carro e aquele papelzinho onde você acabou de anotar uma informação importantíssima. Você tira tudo do bolso, dá a maior limpa na mesa de trabalho, olha em todos os cantos – mas eles não estão mais lá. Existe até a teoria do Mário Prata de que, na verdade, estes são objetos extraterrestres infiltrados na nossa casa, só para observar nossos hábitos e depois relatar tudo para a Nave-Mãe. De repente eles são chamados de volta e é assim que você os perde de vista. Alguns ainda voltam pra nós, outros se vão para sempre.

A segunda categoria é a mais cruel: a dos Objetos Que Estragam Na Hora Errada. A lista é longa e extremamente dolorosa: o pneu da moto que fura debaixo da maior chuva justo quando você está atrazadíssimo a caminho do trabalho, de um casamento, o portão da garagem que enguiça quando você está atrasado pra reunião, a impressora que resolve travar geral quando faltam só dez minutos para você entregar o relatório. São impiedosos, sádicos e geralmente estragam na proporção direta da nossa urgência. Divertem-se com o nosso descabelamento, são alheios às nossa súplicas, ignoram as nossas lágrimas. Sabem que são necessários na nossa vida e tiram proveito disso.

A terceira categoria, ao contrário, é totalmente inofensiva. Os Objetos Que Não Eram Pra Funcionar Mesmo não fazem nem cócegas na nossa adrenalina. A gente até guarda alguns por umas semanas, achando que – quem sabe - vão voltar a funcionar, mas é perda de tempo. São reloginhos e lanternas de 1,99, calculadoras de bolso com bateria programada para durar uma hora no máximo, isqueiros, canetas e outros cacarecos. Não nos causam sobressaltos, até nos afeiçoamos a eles por sua total incompetência; às vezes nos surpreendem, funcionando por vários dias.

Foi o caso da minha calculadora, um desses presentinhos de ‘amigo secreto’ de final de ano. Deu seu último suspiro semana passada, depois de quatro anos. E eu que não dava nem um mês para ela…

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