Era uma vez um ovo.
Já disse alguém, talvez tenha sido eu mesmo, que o ovo é a mais perfeita forma da Criação. Assim vivia ele, elipsoidal e único, sereno como se tivesse atingido o Nirvana ou essa essência de si a que alguns fanáticos chamam estranhamente de meditação e ainda por cima transcendental.
Nada disso! Tão consciente ele era que, sendo ovo de galinheiro, tinha um receio pavoroso de ser frito ou ficar choco e virar uma dessas aves cacofônicas – as únicas em toda a natureza que cantam sem música, pois até mesmo o pássaro–ferreiro, na sua estridência eloquente, tem uma bela harmonia metálica.
Pensando nesse perfeito e inquieto ovo é que acabo de pedir uma omelete no restaurante. Talvez ele faça parte do conteúdo dela...
Antes assim, meu amigo, antes assim!
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