segunda-feira, 11 de abril de 2011

TEORIA SOBRE AS FRUTAS


O universo hortifruti poderia ser bem mais prático se todas as frutas fossem como a banana. Pensa bem: ela tem um tamanho bastante administrável para a maioria dos casos de fome, não precisa lavar, a casca sai facilmente, não tem caroço, não deixa rastro no canto da boca ou entre os dentes, não tem cheiro forte. Pode ser consumida in natura ou servir de ingrediente para um monte de sobremesas, inclusive aquela simplezinha com canela, calda e sorvete.

Porque tem umas frutas, viu, que vou te contar. E eu não gosto muito de fruta, mas minha esposa e filha adoram. Minha geladeira tem sempre trocentas, dos mais variados tipos, e quando é temporada de uma delas, elas se acabam.

Agora, por exemplo, começou o ciclo das mexericas, tangerinas que lá no sul o pessoal chama de bergamota. Dessa eu gosto. Desde aquelas pequenininhas de casca fina e gominhos cheios de sementes até as ponkãs enormes, de casca grossa. Mas me diga, onde é que dá pra comer uma mexerica, se não no aconchego do seu lar? E antes de tomar banho, claro. Porque você fica com cheiro de mexerica durante horas – seu cabelo, suas roupas, suas mãos - você inspira e expira e o cheiro ali, firme. Você experimenta tipos diferentes, pra ver se tem alguma mais discreta, derrama no corpo um vidro de Victoria’s Secret daqueles bem doces e fortes pra ver se o cheiro desaparece, e nada.

Manga é outra fruta que eu como, mas só em casa. Além de você ficar com manga até nas orelhas, haja fio dental para ficar tirando aqueles fiapinhos! Você abre o maior sorriso e lá está a arquibancada toda colorida de amarelo. Sem contar que o simples ato de descascar a fruta costuma fazer a maior lambança.

Odeio melancia, mas abacaxis e jacas são divinos, e abençoada a alma bondosa que teve a brilhante idéia de já vender tudo cortado em pedacinhos e embalado naquelas bandejinhas de isopor no supermercado, mesmo cobrando preços exorbitantes por essa atitude magnânima. Vale a pena. Além de tudo, se fosse a fruta inteira, eu teria que almoçar e jantar uns quatro dias, até acabar o estoque doméstico. 

No supermercado elas vêm até em formato de bolinhas e florzinhas estilosas. Tadinho do  rapaz que corta as frutas, né, esse deve ser um trabalhinho danado de chato, deixa pelo menos ele se divertir um pouco brincando com o design.

Mamão é ótimo pra saúde, mas eu odeio até o cheiro. Laranja é outra fruta que pode dar trabalho pra descascar. Eu adorava ver minha mãe fazendo isso, ela vinha com a faquinha e a gente apostava se ela iria conseguir tirar tudo de uma vezada só, sem quebrar a casca. Minha prima conta que, depois que a minha tia morreu, ninguém mais chupou laranja na casa dela.

Totalmente compreensível, eu diria.

Nenhum comentário:

Postar um comentário